terça-feira, 12 de outubro de 2010

Amor virtual bem real




Amor virtual bem real
A história da engenheira Heleny Galati pode se confundir com a de muitas mulheres que perderem a autoestima em algum ponto da vida e não veem razão para tentar reencontrá-la. A diferença é que, no caminho dela, um amor virtual recuperou tudo aquilo que ela já pensava perdido.

Heleny contou a relação virtual que manteve com um jovem indiano no livro "Asif - Perdão" (NewBook 2010). Mas muito mais do que provar que as relações virtuais podem ser sinceras, o que ela tenta é mostrar que independente da materialidade, cada um precisa mesmo estar bem consigo antes de projetar no próximo qualquer ideal de felicidade.

Em julho de 2009, quando Asif a adicionou no MSN, ela não fazia ideia do quanto a relação dos dois ia mudar sua vida. Depois de pouco mais de um mês de conversas amenas, sobre cultura e vida em geral, o papo esquentou e o sentimento aflorou. Os dois passaram a conversar sobre tudo - e se ajudar. De repente, tudo que Heleny fazia tinha alguma relação com Asif, mesmo ela estando em São Paulo e ele lá em Nova Délhi. "Só não morávamos no mesmo espaço. Nosso companheirismo ia muito além de uma amizade comum", lembra. "Existia em comum o desejo de descobrir coisas novas. Sentimentos e relações diferentes das que tínhamos". Detalhe: Heleny era mais de 20 anos mais velha que Asif. E casada.

A relação (extra)conjugal via rede durou 6 meses e os dois nunca se encontraram pessoalmente. Ela até quis, mas ele evitou. Em fevereiro desse ano, Asif, que é muçulmano, se casou com a esposa prometida. E Heleny está agora recuperando um casamento de mais de 20 anos que achava perdido.

"Eu estava no fundo do poço quando conheci o Asif. Tentei suicídio duas vezes, meu casamento havia acabado e eu não conseguia descobrir o porquê de tanta tristeza", conta. Na época, esse "namorado" virtual apareceu para questionar e, mais do que isso, aceitar Heleny como ela era. "Eu me achava um fracasso completo, fora de peso, feia. E ele me devolveu a autoestima, sem cobranças".

Todos os dias Asif a acordava com um bom dia e perguntava como ela se sentia. A diferença de fuso horário (oito horas e meia) favorecia e a webcam permitia mais do que simples trocas de palavras escritas. "Pouco a pouco esse carinho, respeito e, acima de tudo, incentivo, fizeram com que eu olhasse no espelho e visse outra pessoa", lembra. "E eu me enamorei por mim. Comecei a me perdoar pela inércia, por ter me deixado abater pela opinião dos outros. Superei, acima de tudo, os complexos e medos. Enfim, passei a ser eu novamente".
Durante o tempo que durou essa relação virtual, Heleny perdeu 23 quilos e mudou tanto que as pessoas passaram a reconhecer nas atitudes - e na aparência - como ela estava bem. E hoje, a escritora atribui à história que manteve virtualmente muito dessa mudança. "A relação foi catalisadora. Eu sabia que precisava mudar, mas ele potencializou tudo".

Mudança em casa
Em abril desse ano Heleny resolveu contar tudo para o marido - com quem já não se sentia casada há muito tempo. Primeiro ele se mostrou indiferente, apático. Depois, a acusou ferozmente de traição. Aí procurou terapia e descobriu que estava mesmo um caos sentimental e decidiu se ajudar. "Hoje estamos namorando de novo, estamos nos dando nova chance. Ele diz que eu o salvei".

A grande lição de Heleny, segundo ela mesma, é nunca achar que uma relação, seja real ou virtual, é só aquilo que se vê, fixo, como um jeito apenas de viver a vida. "Se prender a uma relação é o grande erro. Ninguém precisa de ninguém para ser feliz - a não ser você mesmo. Eu costumo dizer uma coisa que explica muito isso. Felicidade é quando se ama aquele que você está quando está sozinho".


Mulheres e redes sociais
Amor nerd via computador

Foi Asif mesmo quem disse que a história dos dois daria um livro. Ele, que buscou no virtual o que não podia ter no mundo real, por conta de sua cultura, provavelmente não sabe quantas vidas ajudou a salvar. O primeiro volume conta o processo de cura de Heleny. No segundo, que deve ser lançado em outubro (Asif - Superação), ela conta como finalmente se libertou. "Romance virtual pode funcionar. Pode lhe dar nova perspectiva sobre você. Pode ajudar a se curar. E, depois, a se abrir para o real novamente".

Por Sabrina Passos (MBPress)

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